Uma Noite em 67 (Segunda, 13 Setembro 2010)
Sou de 1971. Os festivais famosos da TV Record são, assim, "lembranças" que não tenho.
Mas são sempre citados na história da música brasileira. Principalmente o de 1967. Ali esteve em jogo muito do que passou a ser a MPB a partir dali --a difícil transição entre o tradicional e o novo, que dividiu a música brasileira e, de certo modo, o país numa época de efervescência política e cultural.
O documentário mostra os momentos mais importantes desse festival, intercalando-os com entrevistas atuais de seus principais atores: Chico, Caetano, Gil, Edu Lobo, Sergio Ricardo, Roberto Carlos, MPB4, entre outros.
Um ponto importante é a famosa sequência em que, vaiado por praticamente toda a plateia, Sergio Ricardo desiste de apresentar Beto Bom de Bola, quebra o violão e o atira no público. O filme mostra a cena do início ao fim, em todo o seu contexto --até então, eu só havia visto a explosão em si.
O filme é também repleto de passagens bem engraçadas.
Divertido ver Chico contar que estava tão bêbado (faz aquele sinal com o indicador) quando participou de uma reunião sobre o embrionário Tropicalismo que não se lembrava de nada. Daí seu "choque" ao ver aquelas pessoas com roupas coloridas um tempo depois.
Fora da novidade, Chico acabou se tornando a encarnação da velha guarda. É forte ouvi-lo dizer: "Ninguém gosta de ser (chamado de) velho aos 23 anos"].
Outra passagem engraçada é sobre a origem do Tropicalismo. Caetano atribui a ideia a Gil; este, a Caetano. E ninguém entende nada! Ahahah!
Ainda sobre a Tropicália, um trecho divertidíssimo é aquele em que Magro, do MPB4, conta sobre o encontro com Erasmo Carlos num show de Caetano. Erasmo e Magro não se conheciam, embora um soubesse quem era o outro. Magro (da "velha" MPB) não entendia o que Caetano pretendia ao se arrastar pelo palco. Ao encontrar Erasmo (da Jovem Guarda) no banheiro, este lhe disse: "Não estou entendendo nada!".
Naquela noite de 67, venceu o "velho" com Edu Lobo e Ponteio (Edu Lobo e Capinam). A "novidade" ficou em segundo lugar, com Domingo no Parque (Gilberto Gil), com Gil e Os Mutantes.
Há um trecho interessante no filme em que, feita sua escolha por Ponteio, o jurado Sergio Cabral (o pai, não o governador) diz ter tido a sensação de que deveria ter votado em Domingo no Parque.
Faltou ouvir Marília Medalha, que apresentou Ponteio com Edu Lobo. Fiquei curioso sobre o que ela contaria e também por que ela não aparece. É a única personagem importante fora do filme.
PS.: Particularmente, eu, com a imensíssima vantagem de poder fazê-lo mais de 40 anos depois já com o veredito da História, deixaria Ponteio em quarto lugar, atrás de Roda Viva (Chico Buarque), com Chico e MPB4; Domingo no Parque; e Alegria, Alegria (Caetano Veloso), com Caetano e os Beat Boys. Não necessariamente nessa ordem; não consigo escolher uma, as três são impressionantemente geniais.
15:41 Escrito por fiume | Permalink | Comentários (0) | Tags: filme, música | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir