Sin City (Segunda, 15 Agosto 2005)

Primeiro, preciso dizer que, apesar de ter sido na adolescência um leitor de quadrinhos de Frank Miller, não conheço Sin City. Quando li as reportagens sobre o filme, fiquei indeciso sobre o que esperar. Miller é uma grife. Já garante algo. Mas adaptá-lo para o cinema – como adaptar qualquer história aparentemente não cinematográfica – não é garantia de nada.

Também fiquei em dúvida por ser, na verdade, uma história noir. Embora o gênero seja um dos principais do cinema – adoro dos clássicos Falcão Maltês e Chinatown ao futurista Blade Runner, além da homenagem De Repente Num Domingo –, o noir é datado, com a narrativa quase obrigatoriamente em primeira pessoa, os homens destemidos e as mulheres belas e fatais. Mais até do que o western ou o épico. Adaptá-lo, portanto, aos novos parâmetros do cinema atual é mais arriscado. Mas Sin City, o filme, é um bom acerto.

Renova dois gêneros: os quadrinhos adaptados ao cinema e o noir. E é justamente por isso que dá certo. É meio cinema, meio quadrinhos, numa medida bem equilibrada. A linguagem original é preservada e, assim, ameniza o que hoje soaria muito exagerado em um noir. Ou, nestes tempos de violência sem contexto pós-Tarantino, alguém ainda aceitaria facilmente um detetive com cigarro na boca e pistola na mão dizendo "baby" ou "boneca" a cada cinco minutos?

Curti muito também o conceito de podridão total. É tão cinematográfico. Ou tão quadrinhos... Algo como O Estranho Sem Nome ou as próprias histórias de Miller nas revistas.

Enfim, não tenho muito o que reclamar do filme. Nem pra fazer média.

15:20 Escrito por fiume | Permalink | Comentários (0) | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir