Na trilha do velho rio - 9 (Quarta, 12 Agosto 2009)

Paulo Afonso, Bahia
Quinta-feira, 12 de agosto de 1999

Alugamos um carro em Petrolina (aumentei meu prejuízo) e partimos. Passamos rapidamente por algumas pequenas cidades às margens do rio. Gustavo estava com bastante receio do trecho da estrada até Cabrobó, em Pernambuco, conhecido pelo índice alto de assaltos. Mas não houve problemas. Fizemos o trajeto durante a manhã. Estávamos no famoso Polígono da Maconha.

Após pararmos rapidamente em Santa Maria da Boa Vista e Orocó, chegamos a Cabrobó, cidade conhecida pelo plantio de maconha. Entramos na cidade para chegar até o rio. Chegamos a uma pequena e estreita ponte que cruzava um braço do São Francisco até uma ilha, tão grande que não parecia que do outro lado haveria o outro braço. Só havia espaço para um carro na ponte, de tão estranhamente estreita.

Seguimos pela ponte para tirar algumas fotos (um grupo de lavadeiras na margem e o que parecia um acampamento de sem-teto, na ilha). Do outro lado da ponte havia um portão. Ficamos curiosos, mas decidimos voltar de ré para prosseguir a viagem. Por azar, um caminhão, porém, havia entrado também na ponte. O jeito foi seguir com o carro até o tal portão. Havia dois homens que controlavam a entrada.

Pedimos para entrar por alguns instantes, apenas para fazer a manobra de retorno. Mas a dupla não concordou. Disse que não era possível. Apenas o "chefe" poderia autorizar a entrada e ele havia saído. Foi incrível e inacreditavelmente ridícula a situação. Estávamos presos, com uma grade à frente e um caminhão atrás.

Na entrada do local havia uma placa: Fundação Nacional do Índio – FNI. Ainda não conseguimos entender o que se passou. Não eram índios os homens que controlavam o portão nem os que estavam nos caminhões (havia outros atrás do primeiro) nem o grupo de pessoas que vimos um pouco mais longe, dentro do lugar. Também estranha era a sigla FNI, em vez de Funai.

Insistimos com a dupla de porteiros, sem sucesso. Gustavo tentou conversar com o motorista do caminhão. Sem resultados.

Apareceu então um sujeito jovem, de uns 25 anos. Talvez fosse o "chefe", não sei. Da janela do carro, expliquei que queríamos apenas fazer a manobra. Ele se aproximou do carro, na janela do motorista (eu, no caso), fazendo questão de mostrar o volume que havia em sua cintura, por baixo da camisa. Expliquei novamente o que pretendíamos, enquanto ele dava um rápida olhada no interior do veículo.

Fomos então autorizados a entrar. Fiz a manobra com o carro, pretendendo deixar logo o lugar. Mas um dos caminhões que esperavam na ponte pifou. O motorista não conseguia fazer o motor pegar. Eu mantinha motor ligado, a marcha engatada, pronto para partir. Foi preciso que o caminhão fosse empurrado. Esperamos que todos os veículos passassem pelo portão e conseguimos partir.

Foi uma situação realmente estranha. Ainda não sei bem o que aconteceu nem quem eram aquelas pessoas.

Seguimos então a viagem, margeando o São Francisco por Pernambuco, até o município de Floresta. A partir dali, a estrada tornou-se horrorosa. O asfalto simplesmente desapareceu. Foram 65 quilômetros de buracos, o que nos custou aproximadamente duas horas até Petrolândia.

Próximo da cidade, já avistávamos o lago imenso da barragem de Paulo Afonso. A partir dali, vimos imagens belíssimas, com o sol já baixo.

Petrolândia não parecia ser uma cidade rica nem grande, mas tinha uma orla no lago bem feita e bonita.

Continuamos o percurso rumo a Paulo Afonso. Por um pequeno erro do navegador (Gustavo), não seguimos para Glória, já de volta à Bahia, e entramos em Alagoas. Foi apenas um pequeno trecho no Estado, até cruzarmos o rio até a Bahia, chegando a Paulo Afonso.

A cidade é grande e parece ter sido planejada. Tem ruas largas e bem iluminadas. Espero que as bela imagens continuem surgindo.

PS: 1. Deixei o carro na concessionária em Juazeiro, solicitei a vistoria – de acordo com as instruções da seguradora. Solicitei urgência nos procedimentos e no conserto. Disse que estaria de volta em uma semana. E parti.

2. Perdi meus outros óculos escuros, os de supermercado.

11:35 Escrito por fiume | Permalink | Comentários (0) | Tags: aventura, fotografia, viagem | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir