Quarta, 13 Julho 2011
Vila Madalena, território criativo e diversificado
Texto publicado no jornal digital A Redação, de Goiânia.
Vila Madalena, território criativo e diversificadoRodrigo Fiume
À luz do dia, a pé, a dois, a três ou a seis, a Vila Madalena pode ser bem diferente do que você conhece ou imagina. Tenho certeza de que você, amigo leitor, já ao menos ouviu falar do bairro da zona oeste de São Paulo e de sua fama noturna.
Mas, acredite, há muito mais a ver numa simples caminhada diurna do que os conhecidos bares e restaurantes.
A Vila é um território criativo e diversificado, que tem da comida natural ao churrasco argentino, da loja de roupas de tecido orgânico à grife nacional, da carta de vinhos e cervejas importadas ao boteco da esquina.
Ali estão lojas de roupas e decoração, butiques, cafés, délis, studios, spas, galerias e ateliês, localizados em ruas arborizadas —algumas são bem inclinadas; umas têm muros grafitados— de nomes simpáticos, como Harmonia, Girassol, Fildaga e Simpatia.
Para começar, é fácil chegar. Pode ser de metrô (a linha 2-verde, a mesma que passa pela avenida Paulista) ou de táxi (qualquer motorista sabe te levar lá). E num dia ensolarado, você pode até esbarrar em gente conhecida, como o roqueiro João Gordo, a cantora Céu, o ex-tenista Fernando Meligeni e o padeiro Olivier Anquier, todos moradores do bairro.
Um bom exemplo de criatividade e diversidade é o Lá na Venda —almocei lá na quinta-feira, 7. É uma venda, uma lanchonete, um restaurante orgânico. Você pode comprar toalhas, lençóis e echarpes de tecido orgânico, pulseiras, brincos e pequenos objetos de decoração. Ou tomar um café com bolo ou pão de queijo (que já foi eleito o melhor da cidade). Ou almoçar. Tudo ali num ambiente bacaninha, com cara de coisa do interior.
Algo legal de se fazer compras na Vila é que muito do que você encontrar serão peças exclusivas ou de pequenas tiragens. As lojas de roupas, por exemplo, são normalmente de propriedade dos próprios estilistas ou têm seus próprios criadores, como Maria Faceira, Dona Pink, Blushoes e a infantil, de nome bem sugestivo, Santa Paciência (por falar em crianças, a loja de brinquedos educativos Pindorama é bacana). O famoso estilista Ronaldo Fraga também tem sua loja lá.
A Vila tem um forte lado "natureza e sustentabilidade". Há restaurantes naturais, como oBanana Verde (este eu acho bem legal) e o Quintal dos Orgânicos (também um mercado de produtos orgânicos), e lojas com materiais sustentáveis, como a Eden (roupas feitas com algodão 100% orgânico, inclusive jeans, e corantes naturais) e a marcenaria LLussá.
A grife carioca Farm, presente em muitos shoppings do país, tem ali uma bonita loja num prédio conceitual com paredes vivas (atenção arquitetos: o projeto, do escritórioTriptyque, é sensacional).
Em sua parte artística, vamos assim dizer, o bairro tem mais ou menos 60 ateliês de artistas plásticos e artesãos, que fazem de móveis em madeira a peças de cerâmica, de jóias a pinturas e esculturas. Num fim de semana por ano, os ateliês abrem suas portas no projeto Arte na Vila, que oferece vans para que os visitantes possam circular entre eles —o de 2011 foi em abril.
Se no meio da caminhada vier a fome, você estará mesmo no lugar certo. Há muitas, muitas, muitas opções.
Algumas para almoço:
- Saj (restaurante árabe com preços bons; tem um pão feito numa chapa —a saj do nome— que é sensacional);
- Martin Fierro e Che Barbaro, ambos argentinos (o primeiro é mais recluso, bom para um almoço tranquilo com vinho; minha sugestão é a fraldinha, chamada pelos portenhos de vacio; o segundo é legal para uma reunião familiar ou de turma de amigos regada a cerveja Quilmes ou Norteña);
- Rosa Maria (proposta interessante de comida caseira com pratos para duas pessoas; gosto muito do brandade de bacalhau);
- Tanger, marroquino (ambiente colorido, bonito);
- Santa Gula, comida contemporânea cuidadosa (interessante é que a decoração está toda à venda);
- Spadaccino, italiano (boas massas, bom ambiente, perfeito para casal);
- Emprestado, comida brasileira (parte do cardápio é "emprestada" de outras regiões do país; um dos pratos, por exemplo, é da nossa Pirenópolis);
- Melograno (é uma forneria, com sanduíches para harmonizar com sua carta de 150 cervejas especiais ou artesanais do mundo todo, uma das melhores da cidade; prepare-se para o valor da conta, mas, se você é uma amante da cerveja, não perca essa chance).
Outras para um lanche:
- Lá Na Venda, que mencionei acima (peça um expresso da marca Orfeu);
- DeliParis (prove os macarons);
- O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo (o nome é pretensioso, mas a loja de origem portuguesa faz mesmo bolos bacanas com chocolate belga; o bom café é Suplicy);
- Stuzzi, gelateria italiana (o sorvete Cioccolato di Origine, com 75% de cacau da Tanzânia, é muito bom; o café é Orfeu; uma curiosidade: preste atenção na música ambiente, uma transmissão de rádios italianas).
Bem, esse é apenas um pequeno texto de sugestões —algumas, por sinal, bem pessoais. Tenha em mente que o bairro está sempre mudando; casas vão "morrendo", outras vão surgindo. E pode ter certeza: a Vila Madalena tem muito mais. Caminhe sem pressa e curta sem moderação.
PS.: Se precisar de mais informações, pesquise em sites do bairro, como o Guia da Vilaou o Vila Mundo. Ou me mande um recado no Twitter: @rfiume.
11:22 Escrito por fiume em Coluna, Jornalismo, Vila Madalena | Permalink | Comentários (0) | Tags: sao paulo, vila madalena, coluna | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
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