Quarta, 23 Fevereiro 2011
Antonioni: desfechos
Assisti dias desses a O Eclipse (1962), do Antonioni. Gostei mais de A Noite (1961) --da triologia, ainda falta A Aventura (1960), o primeiro.
Acho que compreendi melhor A Noite, com a história do casal que não se ama mais.
(Logo no início, eles constatam a brevidade da vida --o melhor amigo está morrendo de câncer-- e vêem --ela principalmente-- que perdem tempo num casamento que já acabou)
Vi boa parte dos filmes do Antonioni. Foram: O Grito (1957), A Noite, O Eclipse, Blow-Up (1966), O Passageiro (1975), Deserto Vermelho (1962), Identificação de uma Mulher (1982) e Além das Nuvens (1995); deste último já nem me lembro.
O que constatei mesmo ao ver O Eclipse é como os filmes de Antonioni têm desfechos surpreendentes.
Em O Passageiro, depois de agarrar a oportunidade que lhe cai nas mãos e trocar de vida, o cara constata que não havia mesmo saída para sua frustração e o final é aquele que todos conhecem.
O Grito já antecipava isso, com menos primor.
Blow-Up brinca com ilusão e realidade. E o desfecho é incerto: seja real, seja ilusório, ele nos escapa.
Em O Eclipse, a personagem da Monica Vitti, após desilusão amorosa, se envolve com o de Alain Delon. No final, eles fazem juras um para o outro.
("Vamos nos ver amanhã?", ele pergunta. "Amanhã e depois de amanhã", ela responde. "E depois de depois de amanhã", diz ele. "Esta noite", diz ela. "Às 8, no local de sempre".)
Mas tudo que o final mostra —sem diálogos— são cenas, detalhes "ao vento" (você terá de ver para entender melhor). Nem ela nem ele aparecem... E "fim".
PS.:
- Em A Noite, destaco a sobriedade do personagem de Jeanne Moreau, que, ao contrário do marido, vê o inevitável.
- Adoro Monica Vitti em A Noite: "Tutte le volte che ho cercato de comunicare con qualcuno… l’amore è andato via" ou "Io non sono intelligente. Sono sveglia!"
- O erotismo de Blow-Up é espetacular.
- Não curti Deserto Vermelho nem Identificação de uma Mulher; fiquei muito perdido.
- Acho que, dos principais de Antonioni, faltam A Aventura e Zabriskie Point (1970)
09:30 Escrito por fiume em Filme | Permalink | Comentários (0) | Tags: filme, cinema | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Terça, 22 Fevereiro 2011
Cisne Negro
Filme tenso, intenso, angustiante, muito angustiante até. Muito bom.
Retrata de forma convincente a estranha e exigente rotina do ballet clássico e de suas bailarinas, sua busca cega pelo movimento perfeito e a pressão do meio (física e psicológica), da rotina, da estreia.
Bailarina tem de matar seus próprios demônios para, enfim, ter êxito em seu principal papel --parece autoajuda, eu sei, mas não tem esse viés.
Apenas quando o faz, ela finalmente torna-se o cisne negro, cativante a ponto de seduzir a plateia, a mãe, a concorrente, as colegas, o mentor, o espectador. Mas sua bela transformação rumo à perfeição terá seu preço.
Não sei quanto às outras concorrentes ao Oscar de melhor atriz e, claro, é estranho e arriscado falar sobre algo que não vi em seu todo, mas acho muito improvável que Natalie Portman não vença. O personagem é riquíssimo e ela corresponde totalmente. Parece extremamente frágil em sua porção cisne branco e seus delírios são intensos.
Tendo visto apenas quatro dos dez concorrentes ao Oscar de melhor filme --A Origem, A Rede Social, Bravura Indômita e Cisne Negro--, eu votaria, mas não apostaria, neste último.
10:04 Escrito por fiume em Filme | Permalink | Comentários (4) | Tags: filme | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Segunda, 21 Fevereiro 2011
Dois cisnes, um ganso, uma barata e nenhum galeto
Encontrei o Ganso, o jogador, num restaurante na Augusta com a alameda Santos. Foi no sábado à noite, depois de ver Cisne Negro no Espaço Unibanco.
Cheguei e logo fiz o pedido. Eram por volta de 21h30 --Marta ligou para a cunhada, depois do pedido, às 21h36. Como não apurei o "outro lado", vou omitir o nome do restaurante.
Pedi um galeto... Tipo clássico, com salada verde. Marta pediu uma Ceaser Salad. Havia poucas mesas ocupadas.
Cinquenta minutos e quatro galetos servidos em mesas vizinhas, passou uma barata na parede, bem ao lado do meu braço. Chamei um garçom, houve uma pequena operação de guerra, alguém a retirou com um guardanapo.
Eu já havia reclamado na demora na vinda do prato. Mas, com esse pequeno incidente, pedi a conta.
Apareceu o maître, educado, pediu desculpas, dizendo que ficássemos. Pedi eu desculpas, falei que não ficaríamos, chegou então o galeto --e a salada de Marta--, disse que pagaria os pratos, o maître não aceitou nem o valor das bebidas...
Enfim... Comi no Súbito do Conjunto Nacional.
Não posso garantir que o risoto estava melhor que o galeto, mas ele fez o percurso da cozinha até minha mesa num tempo cinco vezes menor e o único bicho que apareceu foi um adolescente desajeitado que estava na mesa ao lado.
Quinta, 17 Fevereiro 2011
Bravura Indômita
Falta algo a Bravura Indômita. O filme é bom, bem feito, correto, tem tensão, bons atores. Mas não há alguns elementos característicos dos irmãos Coen, seja a ironia de Barton Fink e Fargo, seja, principalmente, a secura de Onde os Fracos Não Têm Vez --este sim um western genial.
09:35 Escrito por fiume em Filme | Permalink | Comentários (0) | Tags: filme | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Sábado, 12 Fevereiro 2011
Paraty
Paraty, no réveillon
14:39 Escrito por fiume em Fotografia, Viagem | Permalink | Comentários (0) | Tags: fotografia, viagem | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir