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Sexta, 07 Agosto 2009

Na trilha do velho rio - 5

Januária, Minas
Sábado, 7 de agosto de 1999

Pouco acontece em Januária, "a cidade que mais cresce na região", conforme a placa de entrada. Estou sentado em um banco de praça há mais ou menos meia hora. Passaram três carros e muitas bicicletas.

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Três crianças brincam com uma enorme bola azul, um homem negro reflete solitário em outro banco, dois homens de bicicleta conversam apoiados no meio-fio (um deles carrega uma criança no cano). Enquanto isso, o sol se põe às minhas costas, escondido atrás de uma das duas sorveterias que "movimentam" a praça neste sábado.

Hora do rush! Mais cinco carros passaram e inúmeras bicicletas. Começa também a crescer o fluxo de pessoas na praça. Oito até agora.

Vim à praça para fugir do bar em frente do hotel. Januária parece ser a terra da música alta. Por onde fomos havia sempre um enorme alto-falante a despejar a potência das FMs em nossos ouvidos. Ainda aqui, em meio ao barulho dos pássaros, ouve-se ao longe o som de alguma delas, vindo sabe-se lá de onde.

Na praça, o carro da polícia serve de encosto para o policial militar de uniforme cáqui e o táxi permanece com os vidros abertos enquanto o taxista está "desaparecido".

Não é bem uma praça bonita, mas está longe de ser feia ou malcuidada. Há uma horrível construção de concreto, pintada de branco, no meio da fonte, e os bancos trazem "o oferecimento do vereador...", além da publicidade do comércio.

De manhã, saímos do hotel precário em que estamos (preciso me esquecer daquele carrapato) e fomos fotografar o rio uns 15 quilômetros antes da cidade. Havíamos cruzado a ponte de mais de 1 quilômetro sobre este trecho ontem à noite, mas pouco pudemos ver.

Depois, fomos à praia.

Parece uma mistura do Araguaia com uma praia de mar. Há boa infra-estrutura: bares com rancho, barqueiros, salva-vidas, campo de futebol, placas de advertência, estacionamento, etc., além de insuportáveis e gritantes alto-falantes. A população que freqüenta a praia de Januária está longe de ser de classe econômica mais favorecida, mas não há pobreza extrema.

Fiquei apenas observando o local, sob o rancho fresco de um bar. O calor no começo da tarde era insuportável.

(Aqui na praça, com a escuridão já se formando, noto que pela primeira vez há nuvens, imensas, no céu, desde que começamos a viagem. Será que chegaremos a pegar chuva no percurso?)

Na praia, não cheguei até a água. O sol estava muito forte. Gustavo experimentou pela primeira vez na vida uma praia de rio. Estranhou deixar a água sem sentir o sal na pele. Até que deve ter sido uma experiência interessante para um capixaba amante do mar...

Depois da praia, fomos ler no calçadão em frente do hotel. Pela primeira vez na viagem, comprei um jornal. Como é bom não saber do que está acontecendo. Ah! Ah! Ah!

Ontem não escrevi. Estava cansado e apaguei vendo o Globo Repórter sobre o fim do mundo (preciso ficar louco para ser mais normal). Foi um dia um tanto quanto perdido. Acordamos cedo para ir em busca de um barco. Nossa intenção era fazer o primeira trecho navegável do São Francisco (Pirapora-Juazeiro) de barco. Depois de tentarmos alguns barqueiros e pescadores, formos à Franave, uma companhia de transporte de cargas pela hidrovia. Conversamos com o presidente da empresa, depois de alguma espera (algo como uma hora).

Chama-se Lúcio. Amável e falante. Não é o tipo de pessoa de que gosto. Parece um negociante esperto.

Contamos nossos planos e ele nos autorizou a acompanhar uma fragata que estava sendo reparada em Pirapora. A previsão é que sairia apenas na quarta ou quinta-feira (estávamos na sexta), o que nos obrigaria a esperar pelo menos cinco dias em Pirapora ou viajar para conhecer outras cidades, como as do circuito do diamante – Diamantina, terra de Xica da Silva, principalmente.

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Além disso, o barco levaria quatro dias mais ou menos até Ibotirama, na Bahia, onde receberia a carga, e de 10 a 12 dias até Juazeiro, também no Estado. Foram água abaixo nossos planos de navegar o primeiro trecho do rio.

Já dentro do carro, propus que fôssemos para Januária. Foi o que fizemos. Por causa do horário, já início de tarde, partimos já, sem nem fotografarmos direito a cidade.

Planejamos agora seguir de carro pelas principais cidades ao longo do São Francisco (Bom Jesus da Lapa, Juazeiro e Paulo Afonso) até Piranhas, onde tem início o segundo trecho navegável, pelo que constatamos nas poucas pesquisas que fizemos antes de iniciar a jornada. Lá tentaremos enfim navegar pelo rio – quem sabe até o mar.


PS: Não acho meu meu boné...

14:20 Escrito por fiume em Aventura, Fotografia, Viagem | Permalink | Comentários (0) | Tags: aventura, fotografia, viagem | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir

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