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Terça, 28 Fevereiro 2006

A geladeira

"Queimou o motor. Melhor o senhor comprar uma nova", decretou o mais sincero técnico que já conheci. Lá vou eu então pesquisar preço e modelo de geladeira...  A única vez que fiz isso foi 11 anos atrás, quando me mudei para São Paulo — justamente para comprar a falecida. Foi na verdade bem fácil. Levei a mais barata de uma marca conhecida — no caso, Cônsul — que encontrei. Era tudo o que meu dinheiro podia pagar. Mas, de lá para cá, como as coisas mudaram!

 

Sabia que agora existe geladeira turbo? Igualzinho na velha Fórmula 1. Você aperta um botãozinho e acelera o congelamento da comida. Ou o resfriamento da latinha, dependendo da necessidade. Tem ainda algumas com função férias. Você aperta outro botãozinho quando vai ficar alguns dias fora de casa e ela entra em modo econômico. Tudo isso — turbo e férias — aparece no pequeno visor digital no alto da porta.

 

Para otimizar o funcionamento, elas agora têm pequenas janelas na parede do fundo, para o fluxo de ar gelado ser mais uniforme. Simples e eficaz. E, para não esquecer a porta aberta, prejudicando o funcionamento, elas apitam depois de certo tempo.

 

Hoje, é preciso mesmo observar um monte de coisas. Prateleiras de vidro temperado, por exemplo. Antes, na minha triste ignorância, as únicas que eu conhecia eram aquelas de aramado, que emborcavam um pouco se o objeto era muito pesado. A gaveta de frutas e verduras tem divisão interna e um orifício regulável para entrada de ar: se tiver só frutas lá dentro, melhor deixá-lo bem aberto; se for só verdura, o contrário; e se for os dois, meio a meio.

 

As prateleiras das portas também trazem novidades. São todas destacáveis. É só puxar e encaixar noutro lugar, conforme a disposição de que se precise. Num certo modelo, as menores eram ainda deslizantes. Se estiverem atrapalhando algo na direita, basta arrastá-las para a esquerda. Ou para o meio.

 

E como as geladeiras hoje têm porta-coisas! Além do velho porta-ovos, há o porta-garrafas pet e o porta-latas, sonho de todo grande bebedor de cerveja (não é bem o meu caso, mas também gostei).

 

Sem falar que agora existe a geladeira que não precisa descongelar nunca. Ó, grandes deuses da tecnologia, obrigado, muito obrigado, vos serei eternamente grato.

 

Por falar em gelo, esta é uma das melhores partes. O freezer tem uma fabricazinha de gelo. Haja praticidade! É só girar um botão e os cubinhos caem no... porta-gelo — tinha esquecido desse lá em cima.

 

Tem umas coisas meio estranhas também. Por exemplo, vi um modelo que tinha um dispenser de água interno na porta. Ótimo, não? Mas, diferentemente de outras, nesta a torneira também era interna. Se vou abrir a geladeira para beber água, para que preciso do dispenser então?

 

Já que estou falando de coisas estranhas, vale citar as formas de pagamento. Eu quis me informar sobre todas para, no fim, calcular qual a melhor. As Casas Bahia são um fracasso. Parcelam em duasmilquatrocentosequarentaeduas vezes, se você pedir. Com um puta juro, claro. Mas não dão desconto à vista. Mas o mais engraçado nesta parte de pechinchar foi no Carrefour. Eu pedi o desconto à vista e a atendente me disse: "Vai demorar pelo menos uns 20 dias até cadastrarmos o seu cheque. O senhor não quer parcelar no cartão?" Que exagero, pensei. Como vi que estava difícil, resolvi chutar o balde. "E cash? E seu eu colocar as notas, uma por uma, na sua mão? Quanto de desconto você me dá?", perguntei. "Desculpe, não damos desconto."

20:40 Escrito por fiume em Shopping, Sociedade, Tecnologia | Permalink | Comentários (2) | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir

Quinta, 16 Fevereiro 2006

Viva a evolução! *

Já aviso. Este será um post politicamente incorreto. Portanto, se você se importar com isso, por favor não o leia.

 

Muitos anos atrás, vi numa nota de jornal o que considerava a morte mais estúpida até então. Uma pessoa estava caminhando pela praia, na Austrália, quando uma prancha trazida por uma ventania acertou sua cabeça. Que jeito de morrer, não?

 

Mas, mais tarde, descobri mortes bem mais imbecis. Foi num domingo calmo de plantão — acho que faz uns dois anos —, quando uma repórter de ciências me mostrou um site genial. Chama-se Darwin Awards. É engraçadíssimo. A proposta é “homenagear”, em nome do pai da evolução, aquelas pessoas que contribuíram para melhorar o “banco genético mundial” ao se eliminar dele. Não entendeu, né? O prêmio vai para a morte mais estúpida que se conseguir descobrir, causada pela própria vítima. Ou seja, matando-se, o imbecil em questão retira seus estúpidos genes do banco. Uma grande contribuição para a evolução da humanidade.

 

O vencedor de 2005, por exemplo, foi um sujeito que se embebedou e, vendo que seu estoque alcóolico estava baixo, acusou o vizinho de roubá-lo — ele mesmo não poderia ser o responsável por isso, claro. O cara ameaçou o vizinho, mas nada conseguiu. Resolveu então forjar uma agressão para culpá-lo. Desferiu uma facada contra o próprio peito. Como o golpe não pareceu muito perigoso, deu outro. Esse sim foi perigoso o bastante. Atingiu seu coração. Ele morreu dois minutos depois. E, ainda por cima, além de uma pessoa ter visto o fato, testemunhando à polícia que ele próprio havia se esfaqueado, o vizinho nem estava em casa na hora de tudo.

 

No site há vários outros casos. Cada um mais engraçado que o outro.

 

Aqui no Brasil, o que não falta são imbecis que se matam. Umas duas semanas atrás, quando o Rio foi castigado por um supertemporal, um garoto de 16 anos, que estava bem protegido em casa, resolveu surfar na enxurrada. Seu corpo foi encontrado dois dias depois.

 

Bem, eu me lembrei de tudo isso por causa de uma nota que li hoje no Portal Estadão. Aqui vai:

 

A polícia de Maringá descartou nesta terça o envolvimento do marido na morte de sua mulher, de 29 anos, por asfixia. Ela morreu junto com seu amante, um policial civil, de 46 anos. Os corpos dos dois foram encontrados dentro de um carro estacionado na garagem de um motel da cidade do norte do Paraná. O policial era casado e, assim como a amante, tinha dois filhos. Os corpos foram encontrados na manhã de sábado. O casal havia chegado ao motel por volta das 14 horas de sexta-feira e, em vez utilizar o quarto que havia alugado, preferiu fazer amor no banco traseiro do veículo do policial. Como fazia calor, deixaram o motor do carro ligado para que o ar-condicionado pudesse ser acionado, cobriram o veículo com um edredom e taparam os vidros laterais com os tapetes de borracha. A porta da garagem estava fechada. Os dois morreram asfixiados por monóxido de carbono poucos minutos depois de o motor ter sido acionado, suspeita a polícia. A eventual participação do marido está temporariamente descartada porque, de acordo com a polícia, ao ser informado que sua esposa fora encontrada morta num motel, ele teve um ataque de raiva. A identidade dele não foi revelada.

 

Pena não haver políticos se matando no Brasil…

*Inicialmente postado em O Garganta de Fogo

15:18 Escrito por fiume em Ciência, Sites, Sociedade | Permalink | Comentários (0) | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir

Terça, 14 Fevereiro 2006

"Qual a poltrona, senhor?" *

Chegamos com quase 1 hora de antecedência ao cinema. Será a minha primeira vez numa sala com cadeiras numeradas, apesar de o sistema já estar em vigor em algumas delas em São Paulo faz uns 4 ou 5 meses. A fila para comprar os bilhetes está pequena. Mas por que não anda? Não anda mesmo, nem sai do lugar. Dez minutos e ainda no mesmo lugar. Um passinho, outro…

As pessoas demoram para escolher o lugar. Por isso a demora. Ficamos meia hora na fila até comprar o bilhete — R$ 19,00 cada; estou no Iguatemi, o shopping mais sofisticado da cidade.

Bilhetes na mão, eu e Marta partimos em direção à sala. Não há filas, o que, considerando-se que estamos em São Paulo (paulistano não pode ver uma fila que já adere) é uma boa novidade. O lanterninha (isso mesmo, um lanterninha!; o corretor ortográfico do Word nem sabe o que é) me diz: “Qual o número da poltrona, senhor?”

Achamos nossos lugares e nos sentamos. A sala ainda está vazia. As pessoas só começam mesmo a entrar bem perto do início da sessão. Há uma agitação dentro da sala. Muitas pessoas entrando rapidamente, buscando seus lugares. A sessão já vai ter início. Começam os anúncios. As luzes se apagam.

A agitação se intensifica. Há pessoas em pé, muitas delas, mas não vejo direito o que está acontecendo; está escuro. Ouço pessoas rirem; outras estão discutindo. Começa o primeiro trailer. Luz acesas! Projeção interrompida.

Vejo as pessoas que estão discutindo. Estão falando com uma mulher, que suponho ser a gerente do cinema. Parece que alguém se sentou no lugar delas; ou que, contrariando as leis da Física, foram vendidos os mesmos assentos para duas pessoas. Um sujeito está bem aborrecido. Fala alto com a gerente.

Há várias cadeiras vazias ainda. Muitas pessoas ainda estão entrando na sala. Passam-se 10 minutos e as pessoas continuam entrando, a gerente está meio maluca tentando pôr todos em seus lugares e tem gente saindo — elas logo voltariam com sacos enormes de pipoca.

Está a maior bagunça no cinema. Mas, espera aí: este tal assento numerado não é para facilitar as coisas? Vinte minutos de atraso!

Ufa! Luzes apagadas. Vai começar o filme…

[Ao som de: nyc ghosts & flowers, por Sonic Youth (2000; Geffen Records)]

*Inicialmente postado em O Garganta de Fogo

15:05 Escrito por fiume em Sociedade | Permalink | Comentários (0) | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir