Quarta, 25 Outubro 2006
Cum mi-am petrecut sfarsitul lumii
Ontem, bem no meio da tarde, assisti a um filme da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Escolhi um que, muito provavelmente, não poderia ver nem no circuito nem em DVD — afinal, a Mostra é para isso, não?, para ver filmes impossíveis de ver. É claro que a escolha é um chute. A minha foi o romeno Como Eu Festejei o Fim do Mundo. É a indicação da Romênia para ser candidato ao Oscar.
É bom filme, talvez mais para o regular, por ser um pouco convencional demais. O bacana foi poder ter contato com uma cultura distante e recente, no caso a da Romênia de 1989, que seria o último ano de uma longa ditadura.
A história é sobre uma adolescente (a atriz parece a brasileira Maria Flor), que começa a sentir algo errado no ar do país, e seu irmão pequeno e bem engraçado, de uns 6 ou 7 anos. Ela se chama Eva. Ele, Lalalilu.
Eva é expulsa do colégio — que reproduz o clima comunista, com professores autoritários e imagens e canções patrióticas — por uma bobagem: num acidente, ela e o namorado derrubam um busto do ditador Nicolae Ceausescu. Começa então a perceber que algo não pode estar certo naquele clima todo de idolatria.
[Bem, nós aqui já vivemos os nossos anos de chumbo. E, normalmente, nosso cinema os retrata com revolta, luta armada, etc. Não é isso que acontece em Como Eu Festejei o Fim do Mundo. O filme vai mostrando, na verdade, a vizinhança em que os dois irmãos moram, pessoas que, a despeito de tudo, estão tocando suas vidas, apesar de não estarem de acordo com a situação. Não é isso que a maioria das pessoas por aqui também fez? Meus pais, por exemplo. Casaram-se e constituíram família em plena ditadura militar. Mas, embora não concordassem nem um pouco com os generais, levaram a vida ao ponto de, na primeira eleição democrática para presidente, no mesmo ano em que se passa o filme, dois de seus três filhos já estarem na faculdade.]
Eva vai para uma escola-reformatório, onde conhece um garoto cujos pais são suspeitos de conspirarem contra o governo de Ceausescu. Planejam então uma fuga do país cruzando o Rio Danúbio. A história segue por aí até a queda do ditador.
O garoto é bem divertido. Está revoltado tanto com Ceausescu, por causa da expulsão de Eva, quanto com a irmã, por ela querer abandonar a família. Planeja até um atentado contra o ditador. O despertar de Eva e essa parte bem-humorada são o melhor do filme. O final é levemente “aberto”, como o é o futuro de todos nós — inclusive o da Romênia.
PS: O título do post é o nome do filme em romeno
03:45 Escrito por fiume em Filme | Permalink | Comentários (0) | Tags: cinema, filme | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
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