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Terça, 11 Agosto 2009

Na trilha do velho rio - 8

Juazeiro, Bahia
Quarta-feira, 11 de agosto de 1999 (Dia do fim do mundo)

O fim do mundo foi tranqüilo em Juazeiro...

Hoje, finalmente navegamos pelo São Francisco. Contratamos um barqueiro e fizemos um passeio das 11 às 18 horas.

Fomos contra a correnteza, margeando o lado baiano do rio. O barco pequeno seguia devagar. Não tinha mais do que 5 metros e era bem estreito. Fomos observando lentamente a paisagem, muita vegetação, algumas praias, embarcações ancoradas e muitas ilhas no rio, que calculo tivesse mais ou menos 500 metros de largura.

Paramos numa destas ilhas, onde havia uma praia bonita, repleta de barracas. Estava semi-deserta e pudemos ficar tranqüilos a observar o rio. Tinha um nome curioso. Chamava-se Ilha do Rodeadouro. Não descobri por quê.

Navegar pelo São Francisco, mesmo nesta pequena embarcação, foi um experiência gostosa. A paisagem é bonita e pacífica.

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As águas verde-mar do imenso leito "encontram-se" com o céu, formando um cenário de cores irmãs. Havia um exército de nuvens gigantescas no céu, que ora escondia o sol, ora não, tocadas pelo vento forte numa marcha ritmada. Um horizonte verdadeiramente deslumbrante.

Depois de deixarmos a Ilha do Rodeadouro, seguimos um pouco mais adiante, sempre observando a paisagem, ora na margem baiana, ora na pernambucana, e sentindo o vento forte na pele.

Pedi a Antônio, o barqueiro, que prosseguíssemos até um ponto em que poderíamos voltar e ainda assistir ao pôr-do-sol no barco. O sol deixa um imenso reflexo nas águas verdes do rio. Tirei muitas fotos. Espero que algumas tenham ficado boas.

Chegamos de volta a Juazeiro quando a noite já vencia o dia. Gustavo adorou o passeio. Tomou inúmeros banhos no rio e disse que estava tendo um dia de férias comme il fault.

À noite, depois de passarmos pelo hotel, cruzamos a pé a longa ponte até Petrolina. Ainda não havíamos estado em Pernambuco. Ficamos pouco tempo na cidade, mas é certamente mais avançada que Juazeiro. Tem mais movimento na orla, embora a de Juazeiro seja mais bonita, talvez pelo fato de o calçadão estar mais próximo do rio.

Petrolina tem alguns poucos edifícios de apartamentos (se é que isto é indicador de desenvolvimento). Um fato curioso foi o trânsito, bastante organizado e bem sinalizado. Motoristas e pedestres são educados. Fiquei surpreso ao notar que os veículos paravam assim que o pedestre punha o pé na faixa para cruzar a via.

Apesar de Juazeiro e Petrolina serem mais desenvolvidas que as cidades que havíamos percorrido antes, como Januária e Bom Jesus, preferiria estar em cidades como estas últimas. Nelas, havia pequenas coisas que considerei mais ricas culturalmente, embora isso possa parecer uma defesa da miséria. Não é. Não vi em Juazeiro casas coloridas e pequeninas como as de Januária, nem achei aqui personagens como Judite (ou Xuxa!), que vestiu seu bonito vestido branco só para que eu a fotografasse.

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(Ela ainda me perguntou se ia aparecer na televisão por causa disso. Quando respondi que não e expliquei que levaria a foto dela para São Paulo, ela sorriu e disse: "Então o povo de São Paulo vai me ver, ora!")

Também não achei aqui pessoas como o lavrador José, cuja carona me fez sentir bem (será que seu filho se recuperou?) ou o velho bêbado que fotografei em Januária e dizia que iria comprar uma escopeta para matar um sujeito que queria fazer sexo com ele (bem, ele contou isso usando outras palavras...) ou as muitas pessoas que, ao me ver com o equipamento fotográfico, pediam que eu tirasse uma foto delas (Foi divertido. Era noite, eu usava o tripé. Pedia a todos que se juntassem e fizessem "pose". Eles enrigessiam corpo, deixando-o ereto e sorriam). Nem a velha de olhos caídos que em sua prece, em Bom Jesus, se lembrou nas três vezes de pedir pelo Brasil.

Achei-os personagens mais ricos que os que encontrei aqui. O barqueiro Antônio, por exemplo, pouco pôde nos contar. Só temo que estas afirmações possam soar como pregação da pobreza. Não são.


PS: 1. Gustavo fez um comentário de certa forma sarcástico sobre o acidente com o burro. Soou como uma insinuação sobre minha responsabilidade. Não é que não esteja certo. Gustavo iniciou uma road trip com a carteira de habilitação vencida há três anos. O aviso foi feito dentro do carro.

2. O carro permanece na concessionária. Solicitei de manhã, antes das 10 horas, um orçamento. Depois de insistentes ligações, às 18 horas ainda não estava pronto. Mau sinal....

16:05 Escrito por fiume em Aventura, Fotografia, Viagem | Permalink | Comentários (0) | Tags: aventura, fotografia, viagem | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir

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