Quarta, 30 Maio 2012
Talese
18:26 Escrito por fiume em Fotografia, Jornalismo, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: fotografia, jornalismo, livros | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Segunda, 29 Novembro 2010
A Luta
Que narrativa! Que texto!
Sensacional como Norman Mailer relata a luta, os atores, os preparativos, as circunstâncias locais e temporais, analisando também o embate do poder branco estabelecido, representado pelo negro Foreman, e o poder negro, do negro Ali.
Em 1974, no Zaire, George Foreman, o campeão, e Muhammad Ali, o desafiante, lutaram pelo cinturão mundial de pesos pesados —Ali havia perdido o título após se recusar a atender à convocação para a Guerra do Vietnã.
Mailer ainda se insere na própria narrativa, como um personagem que cresce aos poucos, faz pequenas e divertidas confissões e toma aberta torcida por Ali.
Que narrativa!
PS: 1. A foto da capa + contracapa é sensacional
PS: 2. Fiquei louco para ver Quando Éramos Reis, documentário sobre a luta que venceu o Oscar em 1996. Infelizmente, não achei em três locadoras de DVDs. Se você tiver ou souber de algum lugar onde eu possa alugá-lo, por favor, me avise.
11:08 Escrito por fiume em Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: livros, literatura, esportes | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Segunda, 20 Setembro 2010
Vida de Escritor
Há um quê de decepção e outro de surpresa em Vida de Escritor, autobiografia de Gay Talese lançada em 2006.
O primeiro é porque, ao narrar sua própria história, Talese reuniu nela vários projetos de livros/reportagens que demandaram grande esforço financeiro, físico e intelectual, mas não vingaram: a atacante chinesa que perde pênalti decisivo na final da Copa do Mundo, a história de Lorena e John Bobbitt (lembram-se do pênis decepado?), o prédio em Manhattan que coleciona sucessivos e fracassados restaurantes... A maioria não é muito interessante mesmo.
A surpresa deve-se à atitude abertamente franca de Talese, figurão do new journalism, ao admitir --e relatar detalhadamente-- tantos fracassos (a reportagem sobre o casal Bobbitt, por exemplo, foi recusada de forma fria pela revista New Yorker quando Talese já era Talese).
Uma sinceridade pouco comum em grandes redações --jornalistas, por ofício, reportam e analisam fatos históricos, mas pouco participam deles; convivem com os "eleitos" da sociedade, mas raramente se tornam um deles; nem sempre este distanciamento é bem assimilado.
O trecho que achei mais interessante foi sobre a cobertura de Talese para o New York Times dos conflitos em Selma, cidadezinha do Alabama que, em 1965, abrigou uma histórica marcha pelos direitos civis. Além do relato em si, Talese faz uma profunda análise do evento e de seus atores --bruscamente interrompida pela policia estadual, a marcha foi um marco na luta contra o racismo, sobretudo por causa da cobertura da mídia; a TV levou para as salas norte-americamas as imagens de policiais brancos espancando negros que queriam apenas o mesmo eles: igualdade.
O livro é bom, é um texto que se lê com prazer --afinal, é Talese--, mas talvez seja indicado mais a jornalistas e escritores do que ao público em geral.
PS.: Como curiosidade, a história do casamento de Talese, em Roma, nos anos 1950, é simplesmente sensacional.
13:53 Escrito por fiume em Jornalismo, Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: literatura, livros, jornalismo, new journalism | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Sexta, 19 Fevereiro 2010
Os Espiões
Trama irônica inspirada em romances de espionagem. Editor de livros recebe trecho de manuscrito para um potencial romance que sugere o suicídio da autora. A história acaba mobilizando todos os seus companheiros de bar —os espiões.
Há personagens hilários, como o professor vidrado em panturrilhas ou o uruguaio benemérito —que, na verdade, é brasileiro.
Enfim, tudo é muito divertido nesta obra mais recente de LFV.
17:35 Escrito por fiume em Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: livros | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Segunda, 08 Fevereiro 2010
Ela e Outras Mulheres
Livro de 27 contos de Rubem Fonseca com figuras femininas. Nem sempre o narrador é a própria personagem; em muitos casos, são homens a relatar situações com determinada mulher. É de 2006.
As histórias são normalmente de violência e sexo. Leitura fácil, textos curtos, enxutos, diretos, com tipos que vão das classes baixas às altas. Lavínia é bem interessante. Luíza talvez seja o conto mais divertido.
No livro aparece o personagem Especialista, assassino profissional que Fonseca consolidou em seu romance mais recente, O Seminarista. Há 4 contos com ele –Belinha, Olívia, Teresa e Xânia—, todos bons.
11:30 Escrito por fiume em Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: livros | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Segunda, 01 Fevereiro 2010
Orgias
Havia anos que eu não lia nenhum livro do LFV —na verdade, também não tenho acompanhado tanto como antes suas crônicas no Estadão.
Orgias é de 2005. Divertido. Ficou, no entanto, uma impressão de que LFV era mais engraçado antes. De qualquer forma, é tão bem escrito e leve que não há como não se divertir.
Acho que a mais engraçada é Da Importância de Ser Fabião, sobre um telefonema por engano.
23:26 Escrito por fiume em Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: livros | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Quarta, 27 Janeiro 2010
Caim
José Saramago volta a brincar —ou brigar— com Deus, a exemplo de O Evangelho Segundo o Filho.
Em Caim, falta a grandeza do anterior —a passagem da barca, em que Deus e Diabo tentam Jesus, é genial. Há, porém, uma muito divertida ironia, certamente a melhor característica no livro.
O autor usa Caim como ponte para espezinhar boa parte do Velho Testamento —Babel, Abraão, Jó, Noel... Além de irônico, o Caim de Saramago é descrédulo. Pena que, como mostra a passagem final sobre Noé, para Caim os fins justificam os meios. Algo que não o difere tanto assim do Deus do livro.
23:49 Escrito por fiume em Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: livros | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Sexta, 22 Janeiro 2010
O Seminarista
Em O Seminarista, Rubem Fonseca retoma e amplia um personagem de alguns de seus contos de Ela e Outras Mulheres, de 2006. Um assassino de aluguel, o melhor em sua área, denominado Especialista, que recebe os serviços do Despachante —a vítima é tratada apenas como "freguês".
Embora o texto flua, como sempre ocorre com as obras do autor, falta algo que dê mais sabor à trama. Afinal, um hit man que quer, mas não consegue, largar o ofício carece de um quê que não lhe deixe parecer algo já visto...
Outra questão é que, em relação ao Especialista dos contos, o personagem de O Seminarista ganhou tanta sofisticação que parece irreal —soa, sem a mesma verossimilhança, com o Max Von Syndow do filme Os Três de Condor, de Sydney Pollack.
Amante de literatura, declama poesia de grandes mestres para a amada; ex-seminarista, usa latim para explicar as situações da trama. O Especialista de Ela e Outras Mulheres é mais cru, mais tosco, mais... bandido.
00:25 Escrito por fiume em Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: livros | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Quinta, 14 Janeiro 2010
Fama & Anonimato
Excelente...
Neste livro estão textos conhecidos de Gay Talese, como as crônicas da Nova York dos 1960 —uma delícia— e a reportagem sobre a construção da ponte Verrazano-Narrows, que liga o Brooklyn a Staten Island, em NY.
Talvez o mais famoso deles seja o perfil que Talese fez de Frank Sinatra, texto de 1965 que a revista Squire republicou em 2003 por considerá-lo o melhor de toda a sua história –a grande particularidade de Frank Sinatra está resfriado é que o cantor se recusou a conversar com Talese.
Pessoalmente, achei sensacional também o perfil do pugilista Floyd Patterson em O Perdedor.
PS.: Presente do Danilo e da Nanci.
13:04 Escrito por fiume em Jornalismo, Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: livros | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Sexta, 08 Janeiro 2010
On The Road
Li On the Road na idade errada... Deveria tê-lo feito há uns 15 ou 20 anos.
Não que eu não entenda a força da obra de Jack Kerouac, sua narrativa calculadamente espontânea sobre amigos numa viagem alucinante pelos Estados Unidos nos primeiros anos do pós-guerra —viagem que o autor realmente fez; os personagens têm, em sua maioria, os seus equivalentes reais.
Mas, neste momento, soou um pouco sem graça e, confesso, o texto em si pareceu pouco elaborado —Truman Capote tem uma frase famosa sobre Kerouac: "That's not writing, it's typing"; exagero, naturalmente, mas mostra o confronto de dois estilos muito distintos de escrita.
Embora o livro constantemente a cite, ele pouco situa a época em que a história se passa. O sentimento presente no fim de década de 1940, quando o mundo se confrontou com o horror, o genocídio e a capacidade de autodestruição, explica boa parte do comportamento da dupla Sal Paradise (o próprio Kerouac) e Dean Moriarty e de seus amigos, que vivem o presente intensamente.
Outra parte vem da influência do jazz, do bebop, das drogas e do sexo –embora estes dois últimos estejam menos presentes do que a fama do livro supõe. Mas em sua viagem sem precedentes, a dupla –principalmente Dean–, mais do que viver simplesmente cada momento, parece apenas chutar o presente para frente, para pegá-lo novamente e em seguida prosseguir. Sem lamentações.
11:34 Escrito por fiume em Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: livros | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Quarta, 23 Setembro 2009
Leite Derramado
Eu até preferiria ter gostado mais de Leite Derramado, seja por simpatia ao autor, seja porque curti seu livros anteriores —adorei Estorvo, gostei de Budapeste e me contentei com Benjamin.
Gostei da forma do texto, de seu jeito leve e calculadamente confuso, principalmente em sua cronologia —afinal, trata-se de um homem centenário narrando sua vida a quem estiver à sua frente. Achei-o criativo.
Mas o fato é que o personagem —mais um fracassado, como nas obras anteriores— não me "prendeu". Ele próprio não fez nada de muito surpreendente em sua longa vida —seria isso o "leite"?; acho que não.
Além do "fundo" histórico, a parte realmente interessante é sua paixão inacabada por Matilde, o ciúme incontrolável, o mistério em torno do abandono, da morte da mulher.
23:15 Escrito por fiume em Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: livros | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Segunda, 17 Agosto 2009
A Sangue Frio
Não sei ao certo por que, depois de tantos anos em redações, só agora fui ler A Sangue Frio, de Truman Capote. O que dizer de um livro sobre o qual tanto já foi dito? Ele é tudo o que já foi dito...
17:17 Escrito por fiume em Jornalismo, Literatura, Livros | Permalink | Comentários (3) | Tags: livros | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Sábado, 01 Agosto 2009
O Clube do Filme
É menos cinema e mais a relação entre pai e filho. Isso não é demérito, diga-se. A decisão do pai, um crítico de cinema, sobre o adolescente que odeia a escola é corajosa e de consequências imprevisíveis —o garoto pode deixar de estudar, mas terá de assistir a três filmes por semana com o pai; o tal “clube” do título. Às vezes, os desencontros do filho são meio tolos, embora naturais —afinal, adolescente não tem nada na cabeça mesmo. Isso me impacientou um pouco, mas não tirou o prazer da leitura.
22:27 Escrito por fiume em Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: livros | | del.icio.us | | Digg | Facebook | | Imprimir
Terça, 30 Dezembro 2008
Cora
Livraria da Vila, shopping Cidade Jardim, em São Paulo
Todas as Vidas
Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado, acocorada ao pé do borralho, olhando para o fogo. Benze quebranto. Bota feitiço... Ogum. Orixá. Macumba, terreiro. Ogã, pai-de-santo... Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d'água e sabão. Rodilha de pano. Trouxa de roupa, pedra de anil. Sua coroa verde de São-caetano. Vive dentro de mim a mulher cozinheira. Pimenta e cebola. Quitute bem feito. Panela de barro. Taipa de lenha. Cozinha antiga toda pretinha. Bem cacheada de picumã. Pedra pontuda. Cumbuco de coco. Pisando alho-sal. Vive dentro de mim a mulher do povo. Bem proletária. Bem linguaruda, desabusada, sem preconceitos, de casca-grossa, de chinelinha, e filharada. Vive dentro de mim a mulher roceira. -Enxerto de terra, Trabalhadeira. Madrugadeira. Analfabeta. De pé no chão. Bem parideira. Bem criadeira. Seus doze filhos, Seus vinte netos. Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha... tão desprezada, tão murmurada... Fingindo ser alegre seu triste fado. Todas as vidas dentro de mim: Na minha vida - a vida mera das obscuras!
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