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Segunda, 29 Novembro 2010

A Luta

10965_g.jpgQue narrativa! Que texto!

Sensacional como Norman Mailer relata a luta, os atores, os preparativos, as circunstâncias locais e temporais, analisando também o embate do poder branco estabelecido, representado pelo negro Foreman, e o poder negro, do negro Ali. 

Em 1974, no Zaire, George Foreman, o campeão, e Muhammad Ali, o desafiante, lutaram pelo cinturão mundial de pesos pesados —Ali havia perdido o título após se recusar a atender à convocação para a Guerra do Vietnã.

Mailer ainda se insere na própria narrativa, como um personagem que cresce aos poucos, faz pequenas e divertidas confissões e toma aberta torcida por Ali.

Que narrativa!

PS: 1. A foto da capa + contracapa é sensacional
PS: 2. Fiquei louco para ver Quando Éramos Reis, documentário sobre a luta que venceu o Oscar em 1996. Infelizmente, não achei em três locadoras de DVDs. Se você tiver ou souber de algum lugar onde eu possa alugá-lo, por favor, me avise.

 

 

11:08 Escrito por fiume em Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: livros, literatura, esportes | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir

Segunda, 20 Setembro 2010

Vida de Escritor

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Há um quê de decepção e outro de surpresa em Vida de Escritor, autobiografia de Gay Talese lançada em 2006.

O primeiro é porque, ao narrar sua própria história, Talese reuniu nela vários projetos de livros/reportagens que demandaram grande esforço financeiro, físico e intelectual, mas não vingaram: a atacante chinesa que perde pênalti decisivo na final da Copa do Mundo, a história de Lorena e John Bobbitt (lembram-se do pênis decepado?), o prédio em Manhattan que coleciona sucessivos e fracassados restaurantes... A maioria não é muito interessante mesmo.

A surpresa deve-se à atitude abertamente franca de Talese, figurão do new journalism, ao admitir --e relatar detalhadamente-- tantos fracassos (a reportagem sobre o casal Bobbitt, por exemplo, foi recusada de forma fria pela revista New Yorker quando Talese já era Talese).

Uma sinceridade pouco comum em grandes redações --jornalistas, por ofício, reportam e analisam fatos históricos, mas pouco participam deles; convivem com os "eleitos" da sociedade, mas raramente se tornam um deles; nem sempre este distanciamento é bem assimilado.

O trecho que achei mais interessante foi sobre a cobertura de Talese para o New York Times dos conflitos em Selma, cidadezinha do Alabama que, em 1965, abrigou uma histórica marcha pelos direitos civis. Além do relato em si, Talese faz uma profunda análise do evento e de seus atores --bruscamente interrompida pela policia estadual, a marcha foi um marco na luta contra o racismo, sobretudo por causa da cobertura da mídia; a TV levou para as salas norte-americamas as imagens de policiais brancos espancando negros que queriam apenas o mesmo eles: igualdade.

O livro é bom, é um texto que se lê com prazer --afinal, é Talese--, mas talvez seja indicado mais a jornalistas e escritores do que ao público em geral.

PS.: Como curiosidade, a história do casamento de Talese, em Roma, nos anos 1950, é simplesmente sensacional.

13:53 Escrito por fiume em Jornalismo, Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: literatura, livros, jornalismo, new journalism | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir

Terça, 30 Dezembro 2008

Cora

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Livraria da Vila, shopping Cidade Jardim, em São Paulo
 
 

Todas as Vidas

Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado, acocorada ao pé do borralho, olhando para o fogo. Benze quebranto. Bota feitiço... Ogum. Orixá. Macumba, terreiro. Ogã, pai-de-santo... Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d'água e sabão. Rodilha de pano. Trouxa de roupa, pedra de anil. Sua coroa verde de São-caetano. Vive dentro de mim a mulher cozinheira. Pimenta e cebola. Quitute bem feito. Panela de barro. Taipa de lenha. Cozinha antiga toda pretinha. Bem cacheada de picumã. Pedra pontuda. Cumbuco de coco. Pisando alho-sal. Vive dentro de mim a mulher do povo. Bem proletária. Bem linguaruda, desabusada, sem preconceitos, de casca-grossa, de chinelinha, e filharada. Vive dentro de mim a mulher roceira. -Enxerto de terra, Trabalhadeira. Madrugadeira. Analfabeta. De pé no chão. Bem parideira. Bem criadeira. Seus doze filhos, Seus vinte netos. Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha... tão desprezada, tão murmurada... Fingindo ser alegre seu triste fado. Todas as vidas dentro de mim: Na minha vida - a vida mera das obscuras!

18:11 Escrito por fiume em Fotografia, Literatura, Livros | Permalink | Comentários (0) | Tags: fotografia, literatura, livros | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir

Quinta, 21 Agosto 2008

Verissimos

Do escritor Luis Fernando Verissimo, hoje no Estadão: 

O escritor Luis Fernando Verissimo relembra o pai, Erico. "Uma vez, após um enfarte, meu pai foi convidado a se candidatar à ABL e respondeu: "Mas eu já sou quase uma vaga!? Quando o amigo Vianna Moog insistiu, disse: 'Está bem, Moog. Vou me candidatar para a tua vaga'. Moog nunca mais tocou no assunto. Meu pai era contra qualquer tipo de formalidade". Verissimo, o filho, vai na mesma linha: "Eu não me candidato porque não tenho obra literária que mereça a honra nem o físico para o fardão, ainda mais depois que o (Moacyr) Scliar me contou que a gente não fica com a espada. Mas também tenho amigos lá dentro e respeito a instituição".

17:45 Escrito por fiume em Jornalismo, Literatura | Permalink | Comentários (0) | Tags: jornalismo, literatura | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir