Sexta, 27 Janeiro 2012
De bike
De início, há muita agitação, estão todos meio inquietos em cima da ponte estaiada, bikes a postos, à espera da largada. Um sujeito mais apressado se adianta, depois vem outro, mais outro, mais outro, mais outro. Teimosia. Param logo em seguida. Lá ao longe dá pra ver: a "comissão de frente" ainda nem saiu.
A partida mesmo é meio sem graça. Tem gente demais à frente. Para, pé no chão, vai. Para, pé no chão, vai. Para, vai. Até que a coisa vai. Engraçado é ver gente barbeirando, ainda insegura, guidon e mãos tremendo — guidon ou guidão?
Na estação Berrini, a primeira do percurso na Marginal Pinheiros, já tem gente sentada nos bancos, bicicletas encostadas, à espera do trem. O que será que vieram fazer no passeio? Será que vieram só por causa das bikes? Custaram R$ 200 cada. Dá pra ter lucro nisso? Sabe-se lá.
Do outro lado, no canteiro central, tem gente parada, sanduba na mão, fazendo um lanchinho. Mas já? Não deu nem 1 km!?
Pouco adiante, mais bikes paradas. Agora, cigarro na mão. Não dá pra esperar um pouquinho?
A "procissão" continua, milhares de bikes à frente, atrás, do lado. "Parabéns, São Paulo!", grita um senhor. É, são 458 anos. Parabéns mesmo. "Vai, Curíntia!", berra um sujeito. Quanto será que tá a final da Copinha?
Um casal "escolta" o filho, rodinhas de plástico barulhentas no asfalto. Qual será a idade desse menino? Cinco? Dúvido. Três, no máximo quatro.
Melhor reduzir o ritmo, o sol tá pegando. Faz quase 15 anos desde a última vez numa bike. Sabe-se lá se chego ao final. Mas se esse vôzinho teimoso ali do lado consegue eu também consigo.
Zummm. Olha lá o menino da rodinha! Ô, moleque, onde você pensa que vai? Ahah, lá vai o pai atrás. Moleque teimoso.
Já perto do fim, na ponte Cidade Universitária, aparece um sonzinho. De onde vem?
Que bike esquisita. Tem tudo quanto é cor e uma roda traseira que parece de carro, mas um pouco menor. E caixas de som. Ah, o sonzinho: "É que tudo acaba onde começou". Raul.
Na pista local da marginal, vê-se um mundo de carros parados, gente de braço de fora, impaciente. Trânsito!? Nem parece feriado. Quantos meses faz que estão avisando que 8.000 bikeiros vão cruzar a via? São Paulo às vezes para, sim. Mas é por teimosia.
PS.: Presente ainda nas cidades de Lisboa, Porto, Madri e Rio de Janeiro, o World Bike Tour levou em sua 4ª edição paulistana 8.000 pessoas para pedalar no 458º aniversário da cidade, segundo os organizadores. Foram 9 km pela pista expressa da Marginal Pinheiros, da ponte estaiada até a Cidade Universitária. Cada participante paga R$ 200 e leva: bicicleta, capacete, camiseta e mochila com reservatório de água e mangueira.
Segunda, 21 Fevereiro 2011
Dois cisnes, um ganso, uma barata e nenhum galeto
Encontrei o Ganso, o jogador, num restaurante na Augusta com a alameda Santos. Foi no sábado à noite, depois de ver Cisne Negro no Espaço Unibanco.
Cheguei e logo fiz o pedido. Eram por volta de 21h30 --Marta ligou para a cunhada, depois do pedido, às 21h36. Como não apurei o "outro lado", vou omitir o nome do restaurante.
Pedi um galeto... Tipo clássico, com salada verde. Marta pediu uma Ceaser Salad. Havia poucas mesas ocupadas.
Cinquenta minutos e quatro galetos servidos em mesas vizinhas, passou uma barata na parede, bem ao lado do meu braço. Chamei um garçom, houve uma pequena operação de guerra, alguém a retirou com um guardanapo.
Eu já havia reclamado na demora na vinda do prato. Mas, com esse pequeno incidente, pedi a conta.
Apareceu o maître, educado, pediu desculpas, dizendo que ficássemos. Pedi eu desculpas, falei que não ficaríamos, chegou então o galeto --e a salada de Marta--, disse que pagaria os pratos, o maître não aceitou nem o valor das bebidas...
Enfim... Comi no Súbito do Conjunto Nacional.
Não posso garantir que o risoto estava melhor que o galeto, mas ele fez o percurso da cozinha até minha mesa num tempo cinco vezes menor e o único bicho que apareceu foi um adolescente desajeitado que estava na mesa ao lado.