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Segunda, 31 Outubro 2005

A batida

O Brasil foi tema de um episódio sobre tráfico de animais silvestres de um programa do Animal Planet. A apresentadora, uma britânica loira, foi acompanhar uma batida policial numa freira livre na periferia de São Paulo, onde é bastante comum a venda de animais silvestres – uma atividade ilegal. Ela usou um boné para disfarçar a visível nacionalidade estrangeira e o cinegrafista escondeu a câmera numa grande bolsa, para não prejudicar a operação policial.

 

Durante a ação, um policial confundiu o cinegrafista com um traficante de animais, por causa da bolsa, e botou o berro na cabeça dele – as imagens não foram mostradas, o episódio foi apenas narrado. E a equipe presenciou os policiais autuarem e prenderem 2 colegas que negociavam aves silvestres na tal feira. Estava mais constrangida do que a equipe policial.

 

A polícia brasileira é tão engraçada...

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Domingo, 30 Outubro 2005

Carlota

Suzanna é uma garota que conheci na Chapada Diamantina, no carnaval de 2000. Era redatora publicitária no Rio, estava com uma turma da agência em que trabalhava. Boa turma. Houve aquela troca de telefones e as promessas de que todos se veriam em breve.

 

De todos, revi apenas Suzanna, ainda naquele ano. Primeiro, numa visita dela à irmã em São Paulo; depois, numa convite dela para escalar o Pico das Agulhas Negras (provavelmente, a coisa mais radical que fiz).

 

Aí trocamos alguns email esporádicos e nada mais. Lembrava que ela havia se mudado para NY para estudar belas artes.

Suzanna virou mesmo artista. E sua obra é tão bonita! Fiquei sabendo mesmo há poucos dias, quando ela me mandou o endereço de seu site recém-criado.

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Sexta, 28 Outubro 2005

O contador

Dias atrás, anexei ao blog um contador de visitas. Além das estatísticas, etc, ele é capaz de dizer algumas coisas sobre as pessoas que entraram no site. Não é nada muito específico – não dá o nome e o RG, não se preocupe. Mas mostra, por exemplo, a cidade do internauta e como ele entrou no blog. Se entrou pela home do blogspirit ou, por exemplo, por um site de buscas. É aí que a coisa ficou engraçada. Muita gente entrou no blog procurando coisas de topo tipo, algumas inusitadas, outras surpreendentes até.

 

Um internauta de Curitiba foi ao Google simplesmente tentando descobrir a distância entre Paulo Afonso e Petrolina (as palavras grifadas são exatamente as que ele digitou).  Outro, de Viseu, em Portugal, procurava cidades com muita vegetação, pelo Google.pt. De São Paulo, também no Google, um cara (acho que deve ser um cara) teclou sexo em Juquitiba. Alguém de Belém buscava, pelo Google, um histórico do lava-jato – por que alguém precisaria pesquisar algo assim? Mais alguns exemplos:

 

De Buritizal, no Maranhão, via Google: fiume como se fosse a primeira vez.

De Lisboa, pelo site pesquisa.sapo.pt: herois infantis.

De Tapejara, no Rio Grande do Sul, pelo Google: fotos de acidentes de transito na Bahia.

Do Rio, pelo Google: vendo fazenda de manga em petrolina.

Outro do Rio e pelo Google: turismo piranhas  alagoas.

Também Rio e Google: quando surgiu romaria pirapora.

De  Ariero, Portugal, via site pesquisa.sapo.pt: my way cantores.

De Salvador, no Maranhão, via Google: piranhas-alagoas museu do cangaço.

De  Belo Horizonte, via search.msn: resumo do filme gerente desorganizado.

De Florianópolis, pelo Google: rodrigo assassinado 26 outubro.

 

Mas o que eu achei mesmo mais engraçado foi um internauta de Fortaleza, que fazia uma pesquisa, digamos, botânica na busca de blogs do Google: maconha plantio cultivo.

 

 

 

PS: As palavras maconha, plantio e cultivo aparecem no blog em um texto em que eu relato minha passagem por Cabrobó, em Pernambuco, região conhecida pelo cultivo da planta.

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Perambulando

Luciana Bento, amiga de longa data dos tempos da faculdade com comichão por viagens e que não vejo há anos, acaba de iniciar seu blog. Perambulando é, na verdade, inspirado numa coluna que ela manteve alguns anos sobre, claro, viagens pelo mundo.  E quem não gosta de perambular?

http://luperambulando.blogspot.com/

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Quinta, 27 Outubro 2005

River Run

Blog do meu amigo Gustavo, misto de jornalista, artista plástico, surfista e pensador, que bem poderia ser escritor. Foi meu parceiro na mais maluca das minhas viagens, a pelo São Francisco, da nascente à foz, cujos textos e fotos anexei no início deste blog, como teste.

http://naoentrenanoiteserena.blogspot.com/

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Quarta, 26 Outubro 2005

Carta ao Yuri*

Meu caro Yuri,

 

Não se aborreça com a minha afirmação sobre o referendo. É também uma questão de princípio. Por princípio, uma arma não pode estar ligada à vida. Mesmo na hipótese de que seja usada para preservar uma, ela seria usada contra outra e assim...

 

Qualquer que fosse o resultado no referendo, pouco mudaria. O Estatuto do Desarmamento, um bom documento que salvou muitas vidas, já restringiu – e muito – o acesso das pessoas a armamentos. O sim pouco mudaria isso. Seria mais uma coisa simbólica – como foi a vitória do não.

 

O que se perdeu foi uma oportunidade de o Brasil mostrar  liderança num assunto muito polêmico – algo bem escasso.  Seria uma grande nação dizendo adeus às armas (sorry pela referência). Um exemplo para a História.

 

Sobre a questão de o governo dizer ou não o que se pode fazer, não se pode levar tudo tão ao pé da letra. Por princípio, a civilização está ligada a um Estado. Fora dele, só há anarquia.

 

De qualquer forma, a melhor arma é a palavra. E dela se faz a democracia, algo que se viu no domingo.

 

Grande abraço,
Rodrigo

 

* ver comentário em Eu vou vivendo...

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Terça, 25 Outubro 2005

Exemplo evangélico

Exemplo de por que não se pode confiar em igrejas evangélicas:

 

Elizabeth Pereira Cardoso, moradora de São Paulo: "Minha mãe era católica. Mas os evangélicos conquistaram ela porque trabalharam muito bem. Eles mandam ônibus de graça para nos levar para os templos, servem lanchinho. Uma vez resolvi ir. Estava desempregada e eles disseram que se eu fosse, conseguiria um emprego. Chegando lá, um pastor dividiu a gravata em vários pedaços. Os pedacinhos reforçariam a fé para conseguir um emprego. Aquilo me confortou. Até a hora que ele me pediu R$ 1 mil para ficar com um."

(Em entrevista à repórter Adriana Dias Lopes, do Estado)

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Segunda, 24 Outubro 2005

Na cidade dos Pireneus

Visitei na semana retrasada Pirenópolis, cidade perto de Goiânia e de Brasília que forma com Goiás Velho o acervo colonial em Goiás. Era uma segunda-feira de muito calor.  Coloquei num site algumas fotos. Também fiz um pequeno histórico para "estrangeiros" não iniciados.

O histórico está em http://fotola.com/berylium/fiume/. As fotos começam em http://fotola.com/berylium/fiume/document-fiume4356e50f56... . Basta ir clicando em NEXT para ver a série toda. Por favor, deixe uma mensagem no site para eu saber que você esteve por lá.

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Domingo, 23 Outubro 2005

Eu vou vivendo...

São duas opções. Só uma ligada à vida.

 

Eu voto sim e vou vivendo...

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Sábado, 22 Outubro 2005

Exemplo católico

Exemplo de por que não se pode confiar na Igreja Católica:

 

Na mensagem final do 11º Sínodo de Bispos, que traz as propostas que nortearão o trabalho de Bento XVI, os bispos pedem aos católicos divorciados que voltaram a se casar que mantenham a alegria de ser católicos e participem ativamente das atividades religiosas, como a missa dominical, mas reiteraram que só aqueles que se casaram de novo e não mantêm relações sexuais com os cônjuges podem comungar. E, neste caso, a Igreja aconselha que eles façam isso com discrição, num templo onde não sejam conhecidos, para evitar que alguém se ofenda ou se escandalize.

EFE

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Sexta, 21 Outubro 2005

Jobim, de novo

Ouvindo Jobim, acabei me lembrando de sua morte, em 8 de dezembro de 1994 – mesmo dia em que Lennon morreu, 14 anos antes. Foi um episódio estranho para mim. Eu havia acabado de chegar ao jornal quando me deram a notícia. Foi uma surpresa para todos. A redação do Estadão passou o dia bem mais silenciosa do que normalmente. Eu tinha começado a trabalhar no jornal havia um mês, achei que, sei lá, aquilo poderia ser algo normal. Mas nunca mais aconteceu. Nunca mais vi a redação em luto daquele jeito. Todos estavam tristes, cabisbaixos.

 

Mas o melhor – quer dizer, o pior – foi a manchete do jornal no dia seguinte, a única diferente de todos os grandes do País: "Jatene será o ministro da Saúde". Dá para acreditar? Perfeita sintonia, não? Pena não dar para eu reproduzi-la aqui, pois o arquivo digital do jornal começa em 1996.

 

Outra coisa estranha foi a homenagem de São Paulo ao compositor. Tudo bem que ele não tinha lá uma grande proximidade com a cidade... Mas a homenagem precisava ser aquela passagem subterrânea na Avenida Tiradentes? 

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Quinta, 20 Outubro 2005

Inédito, de novo

Ando ouvindo de novo Tom Jobim Inédito. Meu irmão me fez uma cópia do CD do meu pai – sempre ouvia quando ia pra Goiânia. A gravação é de 1987, mas o CD duplo só foi lançado em 1995 – daí o “inédito”.  Estava fora de catálogo, mas relançaram há pouco. Mais perfeito que este só  Elis & Tom.

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Terça, 18 Outubro 2005

Há limites para a vingança?

O cara bêbado é resgatado pelo amigo na delegacia. Numa cabine telefônica, fala para a filhinha aniversariante que já está indo para casa. Enquanto seu amigo fala ao telefone, o cara desaparece. Surge num apartamento estranho. Dão-lhe comida por uma abertura na porta. Ele implora por saber o que está acontecendo.

No estranho cárcere, ele vê na TV que sua mulher foi assassinada. O repórter informa que ele, já desaparecido havia um ano, é o principal suspeito. Suas digitais foram encontradas na casa. Ele planeja fugir.

Passam-se 15 anos. Eis que é libertado. Aparece dentro de uma mala, num gramado no teto de um edifício. O cara vê uma pessoa. Ele cheira, toca o corpo, o rosto do homem. Trêmulo, toma sua mão e a faz tocá-lo. Emociona-se por rever, finalmente, um semelhante. O semelhante tem um cachorro nos braços e informa-lhe que está prestes a se atirar do parapeito.

O cara conta-lhe sua história e decide viver, descobrir o que está acontecendo, quem lhe pôs naquela situação. Quer vingança. No elevador, vê uma mulher, “uma fêmea”. Enquanto atravessa a rua em frente do edifício, o corpo do semelhante destrói um carro estacionado.

Ele pára em frente de um restaurante.  Um desconhecido aproxima-se e entrega-lhe um celular e uma carteira com dinheiro. Diz-lhe que de nada adianta lhe perguntar algo, pois ele nada sabe.

No restaurante, ele conversa com a garota bonita que prepara comida no balcão. Diz a ela que mulheres não são boas para fazer sushi, pois têm as mãos quentes. Pede a ela que lhe prepare algo vivo. Toca o celular. É seu inimigo. Nega-se a lhe dizer quem é.

A moça busca o animal e o mostra a ele. Prepara-se então para fatiá-lo. Ele toma o animal e o põe na boca. Ficam os tentáculos vivos para fora de sua boca cheia, enrolando-se em seu braço. Ela toca-lhe a mão para mostrar-lhe que a dela não é tão quente. Ele desmaia.

O cara acorda numa cama e vê que ela está lendo os cadernos dele, nos quais narra sua história. Ele os toma de volta. Ela olha o termômetro e diz que o antitérmico fez efeito. Ele diz que a falta de sol deixou seu corpo sem vitaminas e, conseqüentemente, sem resistência a gripes. Pergunta a ela o que era a cartela de medicamento. Ela responde que eram supositórios. Como ela poderia dar-lhe o antitérmico se ele estava desacordado?

Ela vai ao banheiro. Senta-se no vaso. Ele arromba a porta e tenta agarrá-la à força. Ela o rechaça. No quarto, ele se diz envergonhado. Ela diz que sabe que ele está perturbado. Ela o perdoa.

 

São os primeiros 30 minutos de Oldboy, do coreano Park Chan-Wook, vencedor do prêmio do júri no Festival de Cannes de 2004. E a sucessão de acontecimentos estranhos continua.

 

É mesmo um filme estranhíssimo. Mas como é bem filmado! Como é bem editado, bem contado!  Tem um quê de quadrinhos, mas a edição é tão cinematográfica.

 

Pode-se até não gostar dele, não é mesmo uma obra fácil e uma cultura tão distante quanto a coreana causa uma certa estranheza. Mas é impossível deixar de reconhecer que se trata de um filme criativo e muito bem feito.

 

Tem lá seus exageros, como as cenas grotescas – a do animal vivo e a da língua são difíceis mesmo de ver. É também um filme violento. E o pecado do protagonista parece um tanto quanto leve para uma pena daquele tamanho.

 

É uma história sobre a vingança. O desfecho para a busca por vingança do protagonista é surpreendente. Inimaginável até. Há limites para se vingar?

23:35 Escrito por fiume em Filme | Permalink | Comentários (0) | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir

Terça, 04 Outubro 2005

Edifício inacabado

É bacana a idéia. Apontar a câmera para a classe média baixa em um só edifício da movimentada Copacabana, a "uma esquina da praia". Eduardo Coutinho é considerado o maior documentarista brasileiro, com obras como Cabra Marcado para Morrer e Peões. Para fazer Edifício Master, ele e sua equipe alugaram um apartamento por um mês e entrevistaram os moradores, na idéia de mostrar a "vida do prédio durante uma semana".

 

Os números do edifício são bem atrativos: 276 apartamentos conjugados (o quarto-e-sala) em 12 andares – 23 por andar –, mais de 500 moradores.

 

O filme mostra 37 entrevistados: o sujeito que conheceu Frank Sinatra e, modestamente desafinado, canta My Way; a moradora que passou por 28 apartamentos em seus 49 anos, todos – os anos e os apartamentos – no prédio; a jovem mãe que se prostitui; o síndico, adepto dos métodos Piaget e Pinochet para administrar o prédio; o casal de aposentados que se conheceu pelos classificados; o camelô que, diz, já foi bem de vida; a doméstica natural da Espanha que acredita que muitos pobres são, na verdade, preguiçosos; o homem que, abandonado quando bebê, encontra um recém-nascido deixado no corredor; entre outros. Enfim, na maior parte, são bons, muito bons personagens.

 

O problema é como isso é mostrado. Tudo é muito cru, muito solto, muito deliberadamente improvisado. Não há grande preocupação com edição, com detalhes, com cadência – por escolha, é verdade.

 

Não são mostrados detalhes dos apartamentos (nem uma só foto, nem um móvel estranho, nem uma geladeira velha), nem dos entrevistados (nem um anel, nem um sapato) nem do próprio prédio. Nem a fachada é apresentada. Há apenas uns poucos flagrantes dos corredores, que não conseguem amenizar essa situação amplamente verbal, embora sejam muitos bons: senhoras com um bolo cantando Parabéns pra você para uma das moradoras; a bela cena de uma criança de uniforme escolar batendo à porta do vizinho para que o gato possa entrar; a breve e discreta espiada pela janela nos apartamentos vizinhos.

 

Talvez tenha havido um equívoco de Coutinho ao dizer, na única e pequena narração no início, que o filme mostraria a vida do prédio. Isso ele não faz. Mostra, na verdade, as histórias de vida de seus moradores atuais.

 

(Tenho de abrir um parêntese aqui, já que estou dando meu depoimento um tanto mal-humorado sobre o que achei do filme. Talvez, por causa da profissão, eu já esteja acostumado demais a bons personagens e seus dramas, suas histórias, suas felicidades. Talvez eu me interesse no momento mais pela forma como as histórias são contadas. Vi em DVD. Gostaria de ter visto o filme no cinema, na época do lançamento, em 2002, para sentir a reação das pessoas às entrevistas, se ririam, se ficariam em silêncio).

 

O documentário está praticamente todo centrado nos depoimentos, que são, de fato, o essencial da obra. Mas eles vão correndo sem quase edição, sem unidade. Edifício Master parece, na verdade, um filme inacabado (Para não dizer mal-acabado).

23:00 Escrito por fiume em Filme | Permalink | Comentários (0) | |  del.icio.us | | Digg! Digg |  Facebook | |  Imprimir